Gestão de resíduos: conceitos, estratégias e boas práticas

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O que você vai aprender

A gestão de resíduos é essencial para minimizar os impactos ambientais negativos que ocorrem devido ao descarte inadequado do lixo em regiões urbanas. Atualmente esta pauta torna-se ainda mais relevante à medida que a geração global de resíduos sólidos é de aproximadamente 2,3 bilhões de toneladas por ano.

Além disso, os benefícios sociais, econômicos e principalmente ambientais são diversos. Com uma boa gestão de resíduos é possível reduzir a poluição do ar, da água e do solo, além de contribuir para a qualidade de vida de gerações futuras, e ainda promover a economia circular.

O que é Gestão de Resíduos?

Gestão de resíduos é o processo de organização e controle das atividades de coleta, transporte, tratamento e descarte de resíduos gerados por uma empresa ou indústria de forma sustentável. Seu principal objetivo é minimizar os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pelo descarte inadequado de materiais, promovendo o uso seguro e correto dos recursos.

Ademais, quando falamos em gerenciamento de resíduos é impossível não o associarmos à sustentabilidade, já que um é consequência do outro. Gerenciar o lixo de forma adequada é assegurar a proteção da saúde pública, além de maximizar a reutilização e reciclagem de resíduos. Sendo assim, ocorre a redução da extração de recursos naturais e o volume de lixo enviado para aterros sanitários, e garante o cumprimento da Legislação Ambiental e um futuro melhor para todos. 

Tipos de resíduos: conheça as categorias

Resíduos sólidos, líquidos e gasosos: são resíduos que podem estar na sua forma sólida (como materiais de plástico), líquida (como efluentes) ou gasosa (como gases CFC ‘s).

Resíduos recicláveis: resíduos inorgânicos e não-biodegradáveis que podem ser reaproveitados para fabricar novos produtos, como plástico, papelão, vidro, metal etc. 

Resíduos compostáveis: resíduos orgânicos e biodegradáveis que geralmente sobram nas cozinhas das residências e são jogados fora, como cascas de frutas e legumes, casca de ovo, folhas e flores e talos de verduras.

Há, também, uma classificação de resíduos por periculosidade, cujos impactos do manejo inadequado sobre o meio ambiente podem apresentar um quadro grave:

Grupo A: resíduos infectantes e que apresentam risco biológico.

Grupo B: resíduos químicos, como medicamentos, reagentes de laboratório, cosméticos e produtos utilizados em revelação de exames.

Grupo C: resíduos radioativos, sendo todos os materiais contaminados com radionuclídeos e que oferecem risco radiológico.

Grupo D: resíduos comuns como metais, vidro, papel, plástico e orgânico.

Grupo E: resíduos perfurocortantes como agulhas, seringas, tesouras cirúrgicas, escalpes e bisturis, que apresentam risco biológico.

Legislação e normas para gestão de resíduos no Brasil

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) reúne o conjunto de requisitos, legislações e objetivos adotados pelo Governo Federal a fim de supervisionar o gerenciamento adequado destes materiais descartados. Além disso, a PNRS pode agir de forma flexível e abranger assuntos da Política Nacional de Educação Ambiental e da Política Federal de Saneamento Básico.

O Brasil possui Legislações Federais regulamentadas pela PNRS, entre elas: Lei nº 12.305/2010 que determina que todas as empresas são responsáveis pelos resíduos que produzem, Lei nº 13.305/2010 que determina a redução dos dejetos e reaproveitamento máximo dos mesmos, e Decreto nº 11.043/2022 que incluiu o Planares – Plano nacional de resíduos sólidos – estabelecendo planos e objetivos de recuperação de 50% dos resíduos em 20 anos.

As penalidades podem ser administrativas, criminais, comerciais e de responsabilização civil:

  • Administrativas: multas que variam de 5 mil a 50 milhões de reais dependendo da infração, suspensão de licenças e interdições de atividades.
  • Criminais: prisões e apreensões por uso ilegal de dejetos tóxicos, por exemplo.
  • Comerciais: restrições e proibições de vender determinados produtos ou serviços.
  • Responsabilização civil: organizações causadoras de danos ambientais podem ser responsabilizadas e sujeitas a reparar os danos ocasionados.

Estratégias e ferramentas para gestão eficaz de resíduos

A logística reversa é considerada uma ótima estratégia no gerenciamento de resíduos, pois ela consiste no retorno de produtos descartados e embalagens ao ciclo produtivo ou ao destino ambientalmente adequado. 

Atualmente, com a crescente preocupação ambiental, a logística reversa deixa de ser apenas uma obrigação por lei e passa a ser uma vantagem competitiva para as empresas que procuram se destacar no mercado, esbanjando sustentabilidade e eficiência. Portanto, alguns dos benefícios deste método são: redução de impactos ambientais, economia de recursos e insumos, fortalecimento da imagem da empresa e estímulo à economia circular.

Mas o que é economia circular e como ela ajuda no reaproveitamento e redução de desperdícios? 

A economia circular é um modelo de produção e consumo que tem por objetivo minimizar o desperdício e o uso de recursos naturais, reduzir a geração de resíduos e prevenir danos irreversíveis ao meio ambiente. 

Além disso, este modelo econômico também promove o uso eficiente dos recursos, substituindo o ciclo “extrair, produzir, descartar” pelo princípio dos 3 R’s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar, assim transformando resíduos em novos produtos ou matérias-primas.

Modelo de gestão de resíduos: etapas essenciais

As três primeiras etapas na gestão de resíduos são a coleta, a segregação e o armazenamento, nas quais os resíduos são reconhecidos, coletados e classificados corretamente com a finalidade de reduzir o descarte inadequado. O armazenamento temporário desses materiais deve ser feito de maneira segura para evitar impactos ambientais e contaminações no meio.

Seguindo essa lógica, partimos para a etapa do transporte, que deve ser feita conforme as normas de segurança – especialmente para resíduos perigosos – até chegarem aos locais indicados de tratamento e descarte final.

Em seguida, o tratamento destes resíduos varia conforme sua classificação e composição, incluindo métodos como: reciclagem, compostagem, incineração e biodigestão. Os objetivos finais desses processos são reduzir o volume de materiais e possibilitar sua reutilização.

Por último, temos as etapas de monitoramento e análise de resultados, que são essenciais para avaliar a eficácia das ações implementadas, assegurar conformidade com normas ambientais e detectar oportunidades de melhoria. Para uma gestão eficiente, o monitoramento das práticas juntamente à conscientização popular ajudam a promover uma cultura de sustentabilidade.

Estudos de Caso: exemplos de gestão de resíduos bem-sucedidos

Rede Rio Verde: A empresa de supermercados que, ao longo do tempo, foi valorizando e realizando projetos voltados à sustentabilidade. Entre eles, destaca-se o serviço da “Gestão Global de Resíduos”, que gerou diversas propostas de mudanças para o empreendimento. Algumas delas são a coleta dos materiais recicláveis para reutilização ou comercialização, incentivo à substituição de sacolas plásticas por caixas de papelão, maior controle do volume e armazenamento de resíduos, entre outros. Hoje, a rede destaca-se pelo seu cuidado com o meio ambiente e qualidade dos produtos, mesmo com serviços especializados de reutilização.

Natura: Marca renomada e reconhecida em território nacional que elabora estratégias de marketing com comunidades tradicionais e estabelece parcerias com produtores rurais, resultando em uma exploração consciente e controlada das riquezas do país. 

Ademais, a organização investe em um modelo de desenvolvimento de seus produtos, sendo estes constituídos de materiais sustentáveis, que combate o desmatamento. Dessa forma, seu compromisso de tirar projetos ecológicos do papel e colocá-los em prática torna a marca mais forte e competitiva no mercado.

Renner: Uma das maiores redes varejistas do Brasil que foi gradualmente inserindo a moda sustentável no país, com coleções feitas de materiais orgânicos e reutilizados. 

Além disso, investe cada vez mais em um modelo de produção limpo e transparente, garantindo um processo produtivo mais ético, inclusivo e eco-friendly. Ou seja, a corporação possui um compromisso com toda sua teia de valor, promovendo a diversidade e a sustentabilidade. 

Benefícios de uma gestão de resíduos eficiente

Uma correta e eficaz gestão de resíduos acarreta diversos benefícios, tanto para a empresa, quanto para o meio ambiente. Um deles é a redução de custos operacionais e minimização de desperdícios, que engloba: a redução de custos com descarte e transporte, o aproveitamento de resíduos para geração de receita, a otimização da produção e a diminuição de gastos com matéria-prima.

Outro benefício que cabe citar é o cumprimento das normas ambientais, que é fundamental na redução de riscos legais, evitando multas e garantindo a sustentabilidade nas operações. 

Paralelamente a isso, mais um benefício referente ao gerenciamento eficiente de resíduos é a melhoria da reputação da marca e contribuição para a sustentabilidade, à medida que empresas que negligenciam essa questão podem enfrentar penalidades graves, além de danos à imagem e impactos negativos nos seus negócios.

Conclusão

Como observado ao longo dos tópicos acima, a gestão de resíduos pode gerar inúmeros benefícios tanto no âmbito ambiental quanto nos âmbitos empresarial, social e econômico. Além de contribuir para a preservação dos recursos naturais, ela melhora a qualidade de vida da população e impulsiona o desenvolvimento sustentável, gerando oportunidades de emprego e inovação.

Portanto, torna-se de extrema importância a implementação de um gerenciamento eficaz de resíduos e de práticas sustentáveis nas organizações do Brasil e do mundo. Ao adotarmos uma cultura de consumo consciente e descarte responsável, garantimos um planeta mais saudável para as futuras gerações.

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