
Conhecer os sistemas de produção e suas vantagens e desvantagens, sabendo o que é produção puxada e empurrada, é essencial para desenvolver um planejamento assertivo do seu negócio e destacar-se no mercado.
Para isso, é necessário entender a definição desses sistemas, de modo que podemos conhecer as suas vantagens e desvantagens, além de saber como implementá-los. Confira esses e outros tópicos a seguir.
O que é sistema de produção puxada?
Sistema de Produção Puxada é um dos sistemas de produção que possibilita uma melhor utilização dos recursos e gerenciamentos dos processos produtivos. Também chamado de Pull Start System, esse sistema visa a eliminação de desperdícios e excessos, compondo um dos pilares da metodologia Just In Time.
Assim, a produção puxada controla os processos produtivos através de um fluxo que ‘puxa’ as atividades realizadas no processo anterior, avisando as necessidades do processo subsequente. Além disso, esse sistema de produção não utiliza estoques. Sendo assim, a demanda do cliente é a referência para iniciar a produção.
Com isso, o sistema utiliza as técnicas Lean para evitar desperdícios e garantir uma maior qualidade final. Dessa forma, o modelo de trabalho fica mais dinâmico e flexível, pois avisa a atividade seguinte sobre a operação anterior, geralmente com cartões Kanban e agilidade nos processos.
Qual a diferença entre puxar a produção e empurrar a produção?
Os sistemas de produção puxada e empurrada são metodologias opostas, que devem estar de acordo com o funcionamento da empresa. Diferente da produção puxada, o sistema de produção empurrada leva em consideração a previsão de demanda e para isso utiliza estoques e um sistema de lotes.
Enquanto a produção puxada enfatiza a qualidade da produção, a empurrada leva em consideração a quantidade e agilidade na entrega dos produtos. Além disso, a produção empurrada, em inglês, Push System, realiza a previsão de demanda de acordo com históricos de vendas ou análises de mercado. Enquanto isso, na produção puxada leva-se em conta a demanda diretamente do cliente.
Quais são as vantagens e desvantagens da produção puxada?
A produção puxada tem uma série de vantagens e desvantagens, as quais se devem considerar na escolha de um sistema de produção para sua empresa.
Dessa forma, conheça as vantagens e desvantagens de puxar a produção:
Vantagens
- Sem custos com estoque;
- Eliminação de desperdícios;
- Sem produção em excesso;
- Operação mais eficiente e lean;
- Maior qualidade do produto final;
- Agilidade dos processos;
- Melhor controle do inventário;
- Aumento da produtividade.
Desvantagens
- Possibilidade de atrasos nas entregas;
- Pode ter influência de demandas fora do padrão;
- Falta de previsibilidade e controle da operação;
- Ociosidade de mão de obra em períodos de baixa demanda;
- Sobrecarga de mão de obra em períodos de alta demanda;
- Dependência da produção a aspectos internos e externos.
Dessa forma, é possível obter uma produção mais personalizada que a produção empurrada, com uma maior qualidade no final e com menos custos, tanto provenientes pelo estoque quanto pelos desperdícios.
Desafios na adoção de produção puxada
A adoção da produção puxada tem o potencial de trazer grandes vantagens competitivas para uma fábrica em relação aos seus concorrentes. No entanto, ela também ocasiona uma mudança estrutural na empresa e que gera uma série de desafios no âmbito operacional e cultural para a empresa.
O primeiro obstáculo a ser enfrentado é a resistência à mudança dos colaboradores da fábrica, essa dificuldade pode ser mitigada se houver a capacitação da equipe. Além disso, a gestão dos estoques passa a ser um fator chave para o sucesso da nova solução, visto que a produção puxada trabalha com menores estoques, o que exige monitoramento constante para evitar excessos e faltas de materiais.
Esse sistema também depende de uma cadeia de suprimentos integrada, em que os fornecedores precisam ser ágeis e sincronizados com as demandas da produção, o que exige um alto nível de organização e coordenação por parte da gerência.
Outro desafio fundamental é a empresa aprender a lidar com a variabilidade da demanda, já que a produção puxada tende a ter melhores resultados em cenários de demanda estável. Isso ocorre, pois quando a demanda uma grande variação dificulta o planejamento e pode, dessa forma, levar a empresa a falhar no cumprimento dos prazos estipulados.
Por fim, vale destacar que essa solução necessita de um investimento substancial em tecnologia, como implementação de sistemas ERP, para garantir o monitoramento em tempo real e poder ajustar a produção.
Quais são os tipos de produção puxada?
A produção puxada pode aparecer em três diferentes tipos: sistema puxado com supermercado, sistema puxado sequencial e sistema puxado misto sequencial e com supermercado.
Portanto, para desenvolver o sistema puxado ideal para o seu negócio, é preciso entender as variações de cada modelo e a partir disso identificar qual a melhor opção. Confira, abaixo, os modelos de produção puxada:
Sistema puxado com supermercado
O sistema puxado com supermercado, também conhecido como sistema de reposição ou sistema puxado tipo A, é um dos sistemas mais utilizados da produção puxada.
Sua aplicação ocorre quando se trabalha com um estoque mínimo. No momento em que se retira o produto desse estoque, o kanban avisa ao processo fornecedor para que o item seja produzido e reposicionado. Assim, cada processo produz o que é retirado da sua ‘prateleira’ para repor as unidades correspondentes.
Sistema puxado sequencial
O sistema puxado sequencial, também chamado de sistema puxado tipo B, tem uso quando se há uma grande variedade de peças para armazenar no supermercado. Dessa maneira, o estoque total é minimizado, realizando a produção sob encomenda.
No sistema sequencial, a relação do mix e quantidade de produtos a produzir devem ser claras. Dessa forma, pode-se utilizar cartões kanban em uma heijunka box, ou seja, uma “lista sequencial” com as instruções para produção e seguir a metodologia FIFO.
Além disso, o lead time da produção deve ser muito curto e menor que o lead time do pedido, exigindo uma maior atenção e rigidez aos processos.
Sistema puxado misto sequencial e com supermercado
O sistema puxado misto, ou sistema puxado do tipo C, mescla as especificações dos sistemas explicados anteriormente. Assim, sua aplicação acontece quando atende a regra 80/20, ou seja, quando 20% dos produtos representam 80% do volume de produção diário.
Com isso, mesmo apresentando uma demanda mais complexa e variada, o sistema puxado misto consegue atender as especificações de cada processo levando em consideração os benefícios de cada um deles.
Produção puxada: comparação com outros métodos de produção
Conforme já explicado nos outros tópicos, a produção puxada se baseia na demanda real dos clientes, portanto só se produz o necessário no momento do pedido, dessa forma conseguimos reduzir o estoque e manter a produção ajustada às necessidades do mercado, evitando excessos e desperdícios.
Assim, o famoso método, just-in-time (JIT), é considerado uma forma de produção puxada, visto que também visa minimizar estoques ao fazer com que materiais e componentes cheguem exatamente quando são necessários e na quantidade exata para produção, exigindo um bom planejamento e coordenação com os fornecedores.
Por outro lado, os métodos mais tradicionais utilizam a produção empurrada, onde a produção é programada com antecedência e baseada em previsões de demanda. Nesse sistema, produtos são fabricados e movidos ao longo da cadeia produtiva independentemente da demanda imediata, o que pode resultar em estoques elevados e menor flexibilidade.
Essa forma de produzir é vantajosa em cenários de alta demanda e previsível, pois ela permite economia de escala, mas pode gerar grandes desperdícios caso as previsões não sejam precisas. Em contraste com a produção puxada e, consequentemente, o just-in-time, a produção empurrada prioriza a eficiência de volume e a maximização de capacidade, sem necessariamente considerar a variação na demanda do consumidor em tempo real.
Como implementar a produção puxada?
Para implementar o sistema de produção puxada deve-se seguir alguns passos para garantir a aplicação eficiente desse sistema. Abaixo os principais tópicos a serem seguidos para colocar em prática a produção puxada na sua empresa. Confira!
Mapear os processos:
O primeiro passo é mapear todo o fluxo produtivo, desde a chegada da matéria-prima até a expedição do produto final. Assim, com os processos padronizados, organizados e com a visualização do andamento dos processos inicia-se a implementação da produção puxada.
Implementar Kanban:
O próximo passo é realizar o controle da produção, através de cartões Kanban. O cartão deve ajudar a acompanhar o andamento do processo, sendo atualizado no quadro sempre passa para a próxima etapa do processo produtivo. Assim, a visualização da operação dentro do fluxo será de fácil controle com um acompanhamento dos cumprimentos dos prazos.
Começar a produção puxada:
Agora já podemos iniciar a produção puxada. É uma das etapas mais difíceis, já que as máquinas só irão produzir com a chegada do pedido através dos clientes.
Mensurar os resultados:
O último passo da implementação da produção puxada é o controle constante dos resultados. Aqui é necessário monitorar a linha produtiva, com métricas claras como a produtividade dos funcionários, lead time e entregas dos pedidos, e então ir aprimorando todos os processos.
Exemplo de produção puxada
A produção puxada é o modelo ideal para diminuir os desperdícios e gastos desnecessários com estoque, levando em consideração a qualidade final do produto. Sendo assim, ela pode ser implementada em diversos ramos e setores, desde grandes indústrias até pequenos negócios.
Um exemplo de produção puxada são as pizzarias. A pizza só é produzida após o cliente fazer a encomenda, apesar de já ter todos os ingredientes antes mesmo de feito o pedido. Além da possibilidade de variações de sabores, impossibilitando um grande estoque. Reforçando a importância da qualidade do produto final, com uma individualização de cada pedido e maior controle dos processos, características da produção puxada.
Exemplo de aplicação na indústria
O principal exemplo, que demonstra muito bem a produção puxada é o caso da empresa Toyota que por meio da filosofia de produção chamada just-in-time (JIT) implementou com sucesso a produção puxada e conseguiu se transformar em uma das maiores montadoras automotivas do mundo.
Na Toyota, a produção ocorre conforme a demanda real dos clientes, o que evita estoques excessivos e reduz desperdícios. Cada etapa é sincronizada para que peças e componentes sejam fabricados e entregues exatamente quando necessários, garantindo um fluxo eficiente. O modelo Kanban, também usado pela Toyota, ajuda a sinalizar o momento certo para produção e reposição, o que facilita a comunicação entre setores e mantém a operação alinhada com as expectativas.
A cultura de melhoria contínua (kaizen) é também fundamental para o sucesso do modelo de produção puxada da Toyota, pois permite que a empresa se adapte rapidamente às mudanças na demanda real. Esse incentivo para que todos os colaboradores possam identificar e propor melhorias, reduz ineficiências e permite que seus processos sejam mais enxutos.
Essa abordagem teve um sucesso tão grande para a Toyota em relação a redução de custos, que pressionou as demais empresas multinacionais a buscar adotar uma produção semelhante para também reduzir os seus custos e diminuir o seu nível de desperdícios.
Agora que você entendeu o que é produção puxada, aproveite para analisar como está a sua capacidade de produção com a nossa planilha de cronoanálise.
